Em 2002, numa de suas pesquisas, o grupo conheceu o movimento Off Broadway – movimento que aconteceu nos anos 50, que conquistou
a Europa no início dos anos 60 e que tinha como pioneiro o Linving Theater (grupo de teatro de vanguarda fundado há mais de 45
anos em Nova York ),
por Julian Beck e Judith Malina de teatro experimental, político, e tomando
como exemplo de contestação, de ação não violenta, ação libertária.
A
partir dessa pesquisa o grupo passou a ter nome. Optou por ser Off Off, porque
é o oposto do que se passa na Broadway e também se identifica com o que o
movimento acreditava, seu nome inicial era Grupo Off Off Broadway.
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CONTATO:
Prezados,
Quem
dá o ar da graça nessas palavras é Chanfalla.
Criado por Miguel de Cervantes, sou
um dos mais altíssimos artistas que já passou por essas terras. Como tal, gozo
de histórias e anedotas cênicas de tamanha maravilhosidade, que até mesmo os
mais ilustres têm dificuldade em imaginar.
Enfim, venho em papel relatar um fato que,
particularmente, achei deveras pitoresco. Encontrei esses dias, enquanto andava
por uma periferia, por puros fins acadêmicos, alguns documentos que me
pareceram ter caído que alguma pasta ou maleta que os reunia. Curioso, decidi
analisar esses textos, para saber do que se tratavam, e acabei me deparando com
anotações e ideias de um grupo de pobres jovens, repletos de sonhos e
expectativas que, certamente, não se concretizarão.
Os
tais se intitulam de Off Off Broadway
Coletivo de Teatro. Esse “grupo”, de acordo com os relatos, começou em
2002, como fruto do Programa Vocacional.
Aspirantes a atores, eles se “reuniam” na Biblioteca da Vila Maria, com a orientação inicial de Rogério Moura, desenvolvido assim por Samanta Precioso, o texto “Ascensão e Queda do Líder”, que, obviamente, é uma alusão à “Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny”,
de Bertolt Brecht, e “O Líder”, de
Lauro Muniz.
Esses
hormônios então adolescentes tinham o sonho de transmitir sua concepção de arte
com textinhos de criação coletiva, supervisionados no ano que se seguiu por
Samanta Precioso. Há anotações cômicas sobre um “espetáculo” chamado “Liberdade, Justiça e Conveniências”, um
título ousado para tão precoces cabecinhas. Levaram então essa ideia
nacionalista às casas de cultura e teatros da cidade e, como se não bastasse,
também às ruas, bombardeado o povo inocente que passava com suas ideias de teor
duvidoso. Encontrei, inusitadamente, uma evidência de que esse coletivo apresentou-se para acompanhia de Peter
Brook, por mais inacreditável que possa soar. Dizem até que ensinaram os
ilustres espectadores a sambar, mas acredito que, na verdade, os próprios
bastardos é que acabaram sambando frente aos tão requintados convidados.
Esse grupo se mostrou, nas páginas seguintes
do documento que encontrei, carente de senso do ridículo. Digo isso porque,
mesmo com tantas dificuldades, as quais serão comprovadas pelas fotos da
precariedade com a qual o “trabalho” deles é feito, continuaram se expondo às
mais diversas situações. Contam que contribuíram com o processo criativo do Grupo
XIX de Teatro, em 2004, mais especificamente na peça “Hygiene”. Encorajados pela noção distorcida de sucesso, começaram
então a estudar e escrever, após seminários e debates, sobre a Ditadura
Militar. O resultado foi “O Golpe Que Não
Cabe No Baú”, de 2005, que foi empurrado goela abaixo nos transeuntes de
praças, bibliotecas e centros culturais, usando como flecha a tragédia que ocorreu
no Teatro Ruth Escobar, em meados de 1967. Para este “trabalho” receberam,
inicialmente, a orientação de Rodrigo Sanches, que se assustou tanto com o
atrevimento do grupo que jogou a bomba novamente nas mãos de Samanta Precioso. Presto
aqui minhas condolências a essa mulher.
Sem saber como detalhar mais as desventuras
desse intitulado Off Off Broadway, passo para o próximo capítulo desta
admirável trajetória piadística. Dizem que, a partir de uma idealização de
Renato Borghi e Élcio Nogueira (criadores e integrantes do Teatro Promíscuo),
foram convidados, em 2011, para participar de um Workshop de 100 anos de Nelson Rodrigues, que, por ser um renomado
dramaturgo, me faz pensar que eles, na verdade, invadiram este evento tão magnânimo.
Roubando para si os ricos textos e ideias que absorveram, esses “offs” se
atreveram a fazer uma montagem de “Beijo
No Asfalto”, obra reconhecidíssima de Rodrigues. Como se não bastasse
tamanha ousadia, desconstruíram também “Boca
de Ouro”, em 2012, para manchar o palco do Centro Cultural da Universidade
Federal do Paraná – Campus Litoral (UFPR), usando, em seguida, o teatro do CEU
Jaçanã, para ofender o tão bom dramaturgo.
Frente
a todo esse histórico de fracasso, é difícil acreditar que esse Off Off
Broadway continua se mantendo. O grupinho de amigos está onze anos em “atividade”, e mesmo assim não desistiram de viver a
ilusão de que qualquer um pode ser artista.
Mas a parte mais cômica e até mesmo irônica de
todos esses relatos ainda não contei. Como idealizador do renomado TEATRO DAS MARAVILHAS, um espetáculo
sem igual que apenas os nobres e merecedores têm acesso, apresentei para a mais
alta gama da sociedade e meu trabalho é reconhecido nos quatro cantos desse
vasto mundo de Deus. Imaginem o quão estupefato fiquei quando encontrei uma
nota escrita em um caderno velho e repleto de garranchos e rasuras que dizia
que a próxima pretensão deste “grupo”, é botar em prática o projeto “O Teatro Quase das Maravilhas”.
Como se não bastasse, tiveram a audácia de propor ao Projeto VAI ( Valorização de Iniciativas Culturais) o espetáculo A CAMINHO DE AVIGNON e sendo contemplados no primeiro ano do VAI - modalidade II em 2014 outra em 2016 e novamente em 2018. Pataquadas!
Até quando ... Deus!
Como se não bastasse, tiveram a audácia de propor ao Projeto VAI ( Valorização de Iniciativas Culturais) o espetáculo A CAMINHO DE AVIGNON e sendo contemplados no primeiro ano do VAI - modalidade II em 2014 outra em 2016 e novamente em 2018. Pataquadas!
Até quando ... Deus!
Sinceramente,
e às gargalhadas,
Chanfalla.
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offoffbroadway_vlmaria@hotmail.com